A forma de acesso às bibliotecas é uma questão bastante controversa, cheia de prós e contras. O livre acesso é colocado por seus defensores como “razão de ser” da biblioteca, ele permite aos usuários o acesso pleno às estantes, proporcionando a livre escolha das obras de seu interesse.
Além disso, oferece a oportunidade de acesso a diversos outros conhecimentos disponibilizados pela biblioteca, deixa o leitor “errar entre as estantes e descobrir”, isto é, descobertas geram aprendizados. Em contrapartida, no acesso fechado o usuário precisa ter em mente o que quer, ficando limitado ao uso de catálogos e à boa vontade dos funcionários da biblioteca em localizar a obra adequada à sua necessidade.
Os leitores acabam se servindo dos mesmos livros, àqueles que conhecem ou são recomendados. A grande arma em defesa do acesso fechado está na conservação dos livros, pois o acesso livre dos leitores às estantes facilita que o acervo seja desorganizado, deteriorado e até mesmo roubado. Esta é uma realidade constante em muitas bibliotecas. Porém o acervo fechado apenas dificulta, mas não elimina estas ocorrências. Acredito que esta questão não depende diretamente da forma de acesso, mas essencialmente da consciência e educação dos usuários. De qualquer forma, livre ou fechada, os livros chegarão às mãos dos leitores, então se pode ter bibliotecas de acesso livre e conservadas; bibliotecas de acesso fechado com livros danificados.
A questão de roubos como expressam alguns autores se assemelha à situação de muitos comerciantes, eles não deixam de abrir seus comércios por eventuais roubos. Já imaginaram se chegássemos, por exemplo, a uma loja e tivéssemos que escolher dali, atrás de um balcão, o produto desejado sem ao menos experimentá-lo? O mesmo ocorre com a biblioteca, não devemos limitar a utilização do livro por medo de perdê-lo, isto é quase um bibliocarcerarismo, estaríamos renegando a primeira lei proposta por Ranganathan à biblioteconomia: os livros são pra uso.
Um bibliotecário consciente deve ter em mente que mais vale um livro usado ou até mesmo “abusado” do que aquele jamais tocado. O acesso fechado dificulta a perda do livro, mas também possibilita que o conhecimento neles presente seja absorvido. Mas certamente cada uma das formas de acesso possui suas vantagens e desvantagens e a adoção das mesmas dependerá essencialmente da postura mantida por cada bibliotecário e das condições administrativas da biblioteca.
REFERÊNCIA:
MARTINS, Wilson. O livre acesso. In: A palavra escrita: historia dos livros, da imprensa e da biblioteca. 3.ed. rev.São Paulo: Ática, 2002. p.328-330.
Ana Paula Lopes
Estudante do 5º Período de biblioteconomia - UESPI.
3 comentários:
a favor do acesso livre... cmo usuaria e cmo bibliotecaria....
"Os livros são para serem usados" esta aí a grande resposta de Ranganathan que na minha opinião revolucionou na quebra de paradigmas em respeito com o usuário.
Como disse o texto, cada uma tem suas vantagens e desvantagens. o mais importante disso é ter o livro para o usuário.
Postar um comentário