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“A classificação, entendida como processo mental de agrupamento de elementos portadores de características comuns e capazes de ser reconhecidas como uma entidade ou conceito constitui uma das fases fundamentais do pensar humano” (Astério de Campos).
“A classificação, entendida como processo mental de agrupamento de elementos portadores de características comuns e capazes de ser reconhecidas como uma entidade ou conceito constitui uma das fases fundamentais do pensar humano” (Astério de Campos).
A arte de classificar expressa na citação acima é uma das atividades mais importantes desempenhadas pelo bibliotecário dentro de uma biblioteca. Agrupar o conhecimento segundo seu conteúdo e organizá-los nas estantes como tal, determinando o destino e utilidade dos mesmos. O poeta e escritor Jorge Luis Borges já dizia: "Ordenar bibliotecas é exercer de um modo silencioso a arte da crítica”.
Mas como expressa Astério de Campos, classificar é uma das fases do pensar humano, não está privada ao bibliotecário, todos nós “classificamos” e a todo o momento quando separamos homens de mulheres, amigos de inimigos. O que diferencia então a classificação bibliográfica feita pelos bibliotecários da classificação comum do dia-a-dia. Estas e outras questões serão discutidas através de uma entrevista com Fabiola Nunes, bibliotecária do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí e ministrante da disciplina de classificação no curso de biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí.
ACESSOHOT: Fabiola, como você distinguiria a classificação bibliográfica da classificação comum intrínseca ao ser humano?
FABIOLA NUNES: A classificação realizada por nós, seres humanos, no dia-a-dia, pode ser pensada como um ato involuntário; classificamos a todo o momento pessoas, objetos, animais, etc. Um exemplo simples desse tipo de classificação é quando caracterizamos pessoas como magras, baixas, competentes, honestas, etc.; mas para isso não necessitamos de conhecimentos mais aprofundados sobre as áreas do conhecimento, necessidades dos usuários, bem como as relações semânticas e sintáticas existentes entre esses termos qualificadores, e isso é exatamente o diferencial nas classificações bibliográficas, que surgiram com o propósito de organizar acervos, tendo em vista a recuperação da informação.
ACESSOHOT: Com o documento em mãos, qual seria o primeiro passo para classificá-lo?
FABIOLA NUNES: O primeiro passo seria uma análise do próprio documento; o classificador terá que ficar atento principalmente a algumas partes do mesmo, a saber: título, folha de rosto, sumário, prefácio (no caso de livros), encarte (CDs), abstracts e key-words (teses, dissertações ou artigos científicos).
ACESSOHOT: Que instrumentos o bibliotecário pode se utilizar para realizar esta atividade?
FABIOLA NUNES: Os instrumentos são os sistemas de classificações e para atribuição de descritores, os tesauros.
ACESSOHOT: Que fatores podem influenciar negativa e positivamente o processo de classificação?
FABIOLA NUNES: O principal fator que pode influenciar positiva ou negativamente o processo de classificação é o conhecimento que o classificador tem acerca do assunto que está sendo classificado, por exemplo, em bibliotecas especializadas o bibliotecário precisa dominar alguns termos técnicos utilizados na área em questão, caso isso não aconteça, a recuperação da informação será insatisfatória.
ACESSOHOT: Que conseqüências se podem ter ao classificar uma obra de maneira errada?
FABIOLA NUNES: Como dito anteriormente, o usuário que for realizar uma pesquisa em uma biblioteca onde o profissional da informação não dá tanta importância ao processo de classificação, provavelmente a busca não será satisfatória.
ACESSOHOT: Como se explica a possibilidade de um mesmo documento ser classificado de formas diferentes dependendo de quem o classifica e do momento em que o mesmo é classificado?
FABIOLA NUNES: Um mesmo documento pode ter classificações diferentes, por que: 1) vai depender do tipo de biblioteca em que ele se encontra; numa biblioteca pública, comunitária a classificação tende a ser mais geral, tendo em vista o público-alvo; em bibliotecas especializadas, os termos tem que ser mais detalhados, pois lida somente com pesquisadores, estudiosos daquela área; 2) se um documento aborda dois ou mais assuntos, o classificador terá que classificá-lo de acordo com a necessidade do centro de informação, exemplo: A influências das TICs no ensino-aprendizagem, teremos algumas possibilidades de classificações, Informática, Comunicação ou Educação; 3) a edição do sistema de classificação, a 20ª edição da CDD possui diferenças nas classes em relação à 21ª.
ACESSOHOT: Que habilidades devem possuir um bom classificador?
FABIOLA NUNES: O classificador deve ter uma boa noção das áreas do conhecimento, ou da área em que ele trabalha, deve ser astuto e imparcial, pois ele tem que tentar suprir as necessidades de informações dos usuários do centro de informação em questão, e não pensar que o que ele acha é o que o usuário vai achar ou mesmo necessitar.
ACESSOHOT: Que importância você atribui à classificação dentro de uma biblioteca?
FABIOLA NUNES: A classificação é uma das atividades mais importantes de uma unidade de informação, se ela não é bem feita, a recuperação da informação não será satisfatória, entretanto, a classificação necessita de outras atividades tão importantes quanto ela, como por exemplo, a catalogação, se um item não é descrito de forma adequada, a busca também será prejudicada.
Ana Paula Lopes e Lorena Ramos
1 comentários:
Legal!
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