Pensar a biblioteca como órgão social não é, como alguns pensam, ”balela bibliotecária” e também não surge para garantir a estes profissionais e a própria biblioteca um pouco mais de sobrevivência nesta “selva de poucos”.

Informação e conhecimento como sabemos são instrumentos de sobrevivência, hoje definitivamente saber é poder, A educação aparece na mídia como bem precioso, imprescindível ao desenvolvimento social. Neste contexto as bibliotecas adquirem, ou melhor, deveriam adquirir grande importância social, pois é exatamente este seu papel principal: oferecer educação através da informação disseminada.
A sociedade defende a importância da educação, do conhecimento e da própria biblioteca, mas este reconhecimento é visto apenas teoricamente em falas e discursos “politicamente corretos”, na prática quase nada é feito. A realidade de nossas bibliotecas é bem diferente, elas sobrevivem, com grande carência material e profissional. Isto acontece por que para o Estado e grande parte da sociedade o que interessa é a obtenção de lucro e a biblioteca é tida como órgão improdutivo, sugador de verbas.
A biblioteca é sim fonte de lucros, mas não em curto prazo como esperam os governantes mais significativos. Gosto pela leitura, desenvolvimento intelectual, aprendizado e conhecimento não seriam considerados como lucro? Num país em desenvolvimento e carente de educação como o nosso, estes deveriam ser objetivos primordiais. As bibliotecas podem servir de forma eficiente à sociedade, mas para isso é preciso que ela acredite, valorize e principalmente invista nestas instituições, pois o meio social condiciona sua atuação. Assim como a sociedade interfere na biblioteca, ela também pode interferir na sociedade. A transformação social ocorre a partir de um ciclo integrando biblioteca, informação, educação e sociedade. A biblioteca dissemina informação, a informação gera educação e a educação muda a sociedade.
Mas para gerar toda esta transformação não basta apenas que a biblioteca exista, é preciso que ela atue como verdadeiro órgão social. É necessário predisposição de todos, participação política e também consciência biblioteconômica, estes profissionais devem acima de tudo acreditar na profissão e não aproveitar-se da falta de recursos para encobrir a comodidade em que muitos vivem. Conquistar espaço nesta “selva de poucos” é tarefa árdua. Vivemos numa sociedade cada vez mais competitiva e ambiciosa, onde os fracos não sobrevivem. Mas o desafio de sobrevivência sempre acompanhou a história das bibliotecas.
O saber proporcionado por elas era tido como perigo à manutenção da ordem. Quem não conhece os grandes incêndios de Alexandria! Hoje o desafio da sobrevivência continua, pois, o saber ainda é poder, é libertação, e seria interessante questionar: é desejo desta “ordem” de hoje que o povo sinta-se livre? Fica a indagação e o apelo para que a biblioteca não se deixe sufocar pela opressão social e muito menos se sufoque com sua própria comodidade.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco de. Sociedade e biblioteconomia. São Paulo. Polis: APB, 1997. 129 p.
Ana Paula Lopes
Estudante de Biblioteconomia
2 comentários:
Muita a ver com a nossa realidade, principalmente em nossa região (PI). Porém, tenho a esperança que o prestígio e a valorização ainda estar por vir.
Compartilho o pensamento de nosso amigo Raimundo. É mais fácil fazermos a nossa parte na sociedade e buscar o reconhecimento merecido de nossa classe.
Postar um comentário