(...) De acordo com ela, o país tem poucos leitores devido a uma dificuldade no acesso ao livro, que é caro e encontra-se em bibliotecas distantes. Mas, humildemente, tenta dar um jeito nisso. É pela acessibilidade, conquista e formação de futuros leitores que Denise e a equipe da Juscelino Kubitschek desenvolvem atividades de incentivo à leitura.
No começo de 1986, por exemplo, recém-contratada, ela começou a trabalhar com o projeto que lhe tira os maiores sorrisos dos lábios e deixa a voz mais doce ao falar: o carro-biblioteca. Após a aquisição de verba com o governo federal, uma Kombi foi comprada e adaptada para levar estantes repletas de livros aos bairros mais afastados do Centro, como Tocantins, Maravilha, Aclimação e outros lugares que, muitas vezes, ainda nem possuíam asfalto. Tudo para plantar sementes, como ela mesma afirmou. “Tinha uma mãe que levava suas filhas sempre que o carro ia ao bairro Tancredo Neves. Toda vez, ela estava lá. Há pouco tempo, voltei ao local e qual foi minha surpresa? As meninas já eram mulheres e levaram seus filhos”, disse. São os frutos colhidos.
Com o tempo, a Kombi foi substituída por um ônibus doado, com capacidade para transportar 5 mil livros, mas que se encontra atualmente em manutenção. Para o próximo ano, Denise pretende fazê-lo voltar a circular pelas ruas da cidade juntamente com o veículo mais novo, que leva diariamente um acervo de 1,8 mil volumes pelos bairros da cidade.
Dessas idas e vindas motorizadas, algumas histórias marcaram a memória da bibliotecária, como a vez em que encarou sozinha um bêbado que, invocado com a gestão de um antigo prefeito, começou a fazer uma dança da chuva portando uma machadinha. “O pessoal que trabalhava comigo desapareceu e fiquei sozinha com aquele homem. Ele fazia círculos ao meu redor, batendo o machado de um canto ao outro”, disse. Ossos do ofício. Ela afirmou que o importante é ver o retorno a longo prazo, quando as crianças crescem e se tornam assíduas leitoras, realizando conquistas e, em alguns casos, procurando os funcionários da biblioteca para agradecer o incentivo.
Dessas idas e vindas motorizadas, algumas histórias marcaram a memória da bibliotecária, como a vez em que encarou sozinha um bêbado que, invocado com a gestão de um antigo prefeito, começou a fazer uma dança da chuva portando uma machadinha. “O pessoal que trabalhava comigo desapareceu e fiquei sozinha com aquele homem. Ele fazia círculos ao meu redor, batendo o machado de um canto ao outro”, disse. Ossos do ofício. Ela afirmou que o importante é ver o retorno a longo prazo, quando as crianças crescem e se tornam assíduas leitoras, realizando conquistas e, em alguns casos, procurando os funcionários da biblioteca para agradecer o incentivo.
Incentivo este que Denise teve quando criança de sua tia, que lhe presenteou com um livro ilustrado da Walt Disney chamado “Anita”. Para ela, é muito importante que os pais e responsáveis mostrem-se leitores aos pequenos, pois a criança aprende muito vendo tais hábitos. Em casa da ferreira Denise, inclusive, o espeto não é de pau: a filha Ana Luiza, de 10 anos, adora ler e, algumas vezes, manifestou o interesse de substituir sua mãe quando ela se aposentar. “Toda vez que vou com ela ao shopping, tenho de comprar algum livro. Ela mesma já vai direto à livraria”, disse a mãe.
A bibliotecária, no entanto, não é de emprestar muito os livros de sua biblioteca particular. É ciumenta assumida com seus volumes. Gosta de deixá-los bem-cuidados e preservados, pois tem um carinho muito grande por aquelas histórias. Há livros que, apesar de mais novos, têm personagens e enredos que lhe fizeram companhia durante a infância.
Prevendo trabalhar por mais seis anos, Denise ainda não decidiu o que fará quando se aposentar. Às vezes, pensa em mudar os rumos, “mas o tal bichinho não deixa”. Uma coisa certa é que aproveitará mais tempo com a família que, para ela, é tudo.
Prevendo trabalhar por mais seis anos, Denise ainda não decidiu o que fará quando se aposentar. Às vezes, pensa em mudar os rumos, “mas o tal bichinho não deixa”. Uma coisa certa é que aproveitará mais tempo com a família que, para ela, é tudo.
CORREIO de Uberlândia
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