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sábado, 7 de novembro de 2015

As duas salas da  Secção de Estampas – Exposição Permanente de Iconographia  no edifício sede anterior da Biblioteca Nacional, no largo da Lapa n. 48 – hoje, rua do Passeio. Fotografia de Antonio Luiz Ferreira.


Luiz Ferreira. Secção de Estampas, Biblioteca Nacional, c. 1902. Rio de Janeiro, RJ / Acervo FBN – As duas salas da Secção de Estampas – Exposição Permanente de Iconographia no edifício sede anterior da Biblioteca Nacional, no largo da Lapa n. 48 – hoje, rua do Passeio.

…a toda biblioteca bem organizada”. Assim o bibliotecário João de Saldanha da Gama (desde 1822, designava-se assim a autoridade maior da Biblioteca Nacional) qualificou a antiga Seção de Estampas da instituição, em seu prefácio ao Catálogo da Exposição Permanente dos Cimélios da Biblioteca Nacional, publicado sob a sua direção em 1885.
Nesse catálogo, a parte referente às estampas ficou a cargo de José Zephyrino de Menezes Brum, chefe daquela seção desde 1876, quando foi posto em execução um plano de reforma da instituição a partir do qual “a Seção de Estampas […] começa a ter existência e história próprias […].”
Estamos no ano de 1885 e a Biblioteca Nacional já estava instalada no endereço da rua do Passeio desde 1858, quando se concluiu a mudança,“sem estrago nem perda”, desde seu primeiro endereço, no edifício do antigo Hospital do Carmo. Em 1881, abrira-se a grandiosa e inesquecível Exposição de História do Brasil, produzida sob a batuta do dirigente anterior, o barão de Ramiz Galvão e o pensamento curatorial de outro barão, Homem de Mello.

A chegada do acervo da Biblioteca Nacional à atual rua do Passeio, vendo-se ao fundo um trecho do largo da Lapa que manteve seu aspecto até os dias atuais.
Anônimo. Biblioteca Nacional, mudança do prédio da Rua do Passeio para a Avenida Rio Branco, 1910. Rio de Janeiro, RJ / Acervo FBN – Ao fundo, vê-se um trecho do largo da Lapa que manteve seu aspecto até os dias atuais.

Desenvolvia-se então, no acervo de imagens, um trabalho apaixonado, apesar de todas as dificuldades impostas pela conjuntura – atividades estas, em certa sintonia com as que ocorriam nas bibliotecas nacionais da França e da Áustria e no Museu Britânico. Menezes Brum lamentava que “as acanhadas proporções do edifício em que funciona a Biblioteca Nacional não permitiram que a Seção de Estampas fosse melhor acomodada, pois que lhe couberam em partilha apenas duas pequenas salas do 3o andar, mal mobiliadas e insuficientes para as suas necessidades e serviços.” E “as riquezas da nossa coleção iconográfica continuavam desconhecidas, tanta era a quantidade que delas havia”, ele observava.
Mas a exposição permanente das estampas, um sonho antigo de Ramiz Galvão, haveria de acontecer, sob a direção geral de Saldanha da Gama. O chefe das estampas era um obstinado: “era preciso escolher, escolher sempre, examinar, comparar, tornar a comparar, até que as jóias, por seu pequeno número, e por mais preciosas, se pudessem acomodar nas caixas que lhes estavam destinadas.”

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Detalhe da fotografia de Antonio Luiz Ferreira: à esquerda, vê-se a segunda sala da Exposição Permanente de Iconographia da antiga Seção de Estampas.

Depois de pronta a exposição permanente, o fotógrafo Antonio Luiz Ferreira, o mesmo que realizou as memoráveis fotografias das manifestações populares havidas após a assinatura da Lei Áurea – como aquela em que Machado de Assis aparece na missa celebrada no campo de São Cristóvão – foi contratado para documentar o edifício sede da Biblioteca Nacional, onde a instituição permaneceu até 1910.
O resultado está em dois álbuns; um, com as cópias em papel albuminado e outro, com as cópias produzidas em platina, que apresentam melhores atributos de estabilidade e permanência e figuram nesta galeria. As capas estão sofridas – ainda que o miolo, sua essência, resista bravamente – e refletem uma história. Muito nos revelam as suas imagens, admirável exemplo da fotografia de arquitetura praticada na época e – por que não dizê-lo – da fotografia museográfica, gênero proposto por Fox Talbot e inaugurado possivelmente no British Museum, por Roger Fenton.
Menezes Brum concluiu assim o seu texto sobre as estampas no catálogo da célebre exposição: “Praza a Deus que curiosos e entendidos acolham este tentame da Biblioteca Nacional com benevolência e tirem dele o gozo e proveito que da sua realização possam advir.” Pois assim seguimos neste esforço coletivo para fazer da Brasiliana Fotográfica um espaço que suscite o aprendizado, a reflexão e o debate. E que seja, também, um espelho da Nação Brasileira.
Joaquim Marçal Ferreira de Andrade
Curador, pela Biblioteca Nacional, do portal Brasiliana Fotográfica
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Anônimo. Antigo prédio da Biblioteca Nacional à Rua do Passeio, c. 1916. Rio de Janeiro, RJ / Acervo FBN – Uma cena cotidiana à entrada do edifício sede anterior da Biblioteca Nacional, no largo da Lapa n. 48 – hoje, rua do Passeio. À direita, .operários trabalham em obra de reparo da via pública. Detalhe da fotografia original. Fonte IMS - adaptado

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