LIVROS E BIBLIOTECAS: PARA QUÊ?

domingo, 23 de outubro de 2011

From the cover of The New Yorker Magazine, Nov. 6, 2006
   Posso parecer suspeita para falar de livros e bibliotecas afinal estes fazem parte de minha vida há um bom tempo. Na condição de estudante de biblioteconomia, mas também como individuo que sou neste meio social, procuro agora refletir um pouco nesta Semana Nacional dos Livros e das Bibliotecas, sobre a existência dos mesmos e sua questionada sobrevivência.   
   
   Em meio ao “sedutor” mundo virtual, a internet, tablets, e-books e inúmeras bases de dados com quantidade assombrosa de informações a um clique, muitos se perguntam: para que livros, para que bibliotecas? Para que ocupar imensos espaços físicos se podemos ter tudo compactado num só lugar e em qualquer lugar?

   À primeira vista estes questionamentos assustam qualquer bibliotecário! Mas será que podemos mesmos, ou melhor, será que todos podem ter acesso a tudo e desta forma tão maravilhosa? Acredito que a questão da permanência de livros e bibliotecas tradicionais pode ser comentada por dois aspectos: Tecnológico-social: é indiscutível que os recursos tecnológicos, o acesso á internet se popularizaram muito e abarcam hoje grande parte da população, mas não podemos falar ainda na chamada democratização. Uma boa parcela da população não convive com esta realidade tecnológica, nem ao menos manipulam computadores ou usam a internet. E como pensar numa “sociedade sem papeis”, em informação apenas no mundo virtual se ainda há quem não tem o mínimo para sobreviver, se ainda vivemos numa sociedade que muitos passam fome! Ainda podemos mencionar a fragilidade tecnológica, problemas com equipamentos, queda de energia, altos custos, são algumas das dificuldades que mostram a impossibilidade de dependermos inteiramente destes meios.
    
   Humanístico-cultural: aqui não cabe discutir a praticidade ou não de todo este maquinário que nos é oferecido, mas sim a percepção de cada um. Há quem não troque o prazer de percorrer estantes, folhear livros, ler no papel (se permitir errar entre as estantes e descobrir, adoro esta parte da história!) por uma tela de computador tida por muitos como prejudicial, desconfortável, sem falar no forte lado cultural inerente aos livros e bibliotecas que enriquecem culturalmente qualquer sociedade. 
    
   Mas se pensarmos bem, os livros e as bibliotecas não estão desaparecendo, estão se transformando. Afinal um e-book não deixa de ser um livro e um conjunto deles não seria uma biblioteca?
    
   A função primeira de livros e bibliotecas é o oferecimento à informação independente de seu suporte. Se em papeis ou em telas de computador, se na forma física ou virtual, o importante é o conhecimento que se adquire, é despertar gosto pela leitura e satisfazer necessidades de informação. Aos amantes dos livros, as bibliotecas tradicionais, aos amantes da tecnologia, os e-readers (leitores eletrônicos), o mundo virtual.
    
   É essencial que nós como profissionais da informação nos adaptemos a esta nova realidade que só tende a crescer e vem, sem dúvida, para auxiliar nosso trabalho, para atrair novos leitores. São novas bibliotecas que precisam de novos bibliotecários. É embarcar na tecnologia, mas sem deixar de lado o nosso bibliofilísmo onde, em minha humilde opinião, está o encanto desta profissão.
   
   Antes que me esqueça: afinal livros e bibliotecas para quê?


Nas palavras de Manu:
 “Levar conhecimento a quem não o tem e ensinar a todos para que possam discernir o que é certo! Nem mesmo partilhar toda a terra seria comparável a esta forma de serviço”.


Ana Paula Lopes

2 comentários:

Raimundo soares disse...

Very good !
#Semana nacional dos livros e das bibliotecas.

Anônimo disse...

Belo texto.

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