EUA ficam para trás na corrida por biblioteca digital !

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

   Séculos depois de Benjamin Franklin ter elogiado o papel das bibliotecas públicas na democratização da sociedade americana, os EUA se veem atrasados em relação à Europa e ao Japão em termos da criação de um equivalente moderno: uma biblioteca nacional digital que sirva como repositório eletrônico do patrimônio cultural da nação.
Biblioteca Nacional da Noruega foi uma das primeiras a aderir à ideia. Em 2005, ela anunciou a meta de digitalizar a íntegra de seu acervo; já foram escaneados cerca de 170 mil livros, 250 mil jornais, 610 mil horas de transmissões radiofônicas, 200 mil horas de televisão e 500 mil fotografias. Em 2010, a Biblioteca Nacional da Holanda anunciou a intenção de escanear todos os livros, jornais e periódicos publicados no país a partir de 1470.
Reprodução
Captura de tela do site da Biblioteca Nacional da Holanda
Captura de tela do site da Biblioteca Nacional da Holanda
   Enquanto isso, as bibliotecas dos quase 50 países membros do Conselho Europeu se uniram em um único motor de buscas, o theeuropeanlibrary.org. E a Comissão Europeia patrocina o Europeana, um portal que dá acesso a cópias digitais de obras de arte, música, cinema e livros pertencentes a instituições culturais dos países membros. O portal contém cerca de 15 milhões de artefatos.
  
   A criação de uma biblioteca nacional digital é um desafio maior para os EUA, com suas bibliotecas grandes e díspares. Mas na década de 1990 a Biblioteca do Congresso criou um acervo digital chamado "American Memory" (Memória Americana), que hoje contém 16 milhões de livros, mapas, filmes, manuscritos e peças de música.
   Contudo, ainda restam mais de 100 milhões de obras que ainda não foram escaneadas, diz James H. Billington, presidente da Biblioteca do Congresso. E, embora o American Memory também carregue o nome de "biblioteca nacional digital", existem muitas bibliotecas públicas no país ao qual ele não está conectado.
   

   "Não houve nenhuma coordenação nacional de todos os projetos maravilhosos e díspares lançados em todo o país", disse o presidente da Administração Nacional de Arquivos e Registros dos EUA, David S. Ferriero.
Mas o Centro Berkman para a Internet e a Sociedade, da Universidade Harvard, planeja ajudar grupos públicos e privados a criar uma "biblioteca pública digital da América".
   A ideia, diz Robert Darnton, diretor da Biblioteca de Harvard, é disponibilizar os recursos eletrônicos de bibliotecas universitárias e instituições culturais como a Biblioteca do Congresso por meio de um portal único, "uma biblioteca digital gigantesca que colocará o patrimônio cultural do país à disposição de todos".
   
   A ideia de uma biblioteca pública digital americana foi motivada em parte pelo Google, que desde 2004 já digitalizou mais de 15 milhões de livros. "O Google mostrou para o mundo o que é possível fazer em um período curto de tempo", disse Maura Marx, do Centro Berkman.
   Para o professor Darnton, uma biblioteca pública digital americana servirá como alternativa institucional, sem fins lucrativos, ao Google Books. "Existe um conflito entre a razão de ser do Google, que é auferir lucros para seus acionistas, e as bibliotecas, cuja meta é colocar livros à disposição dos leitores", diz.
   
   Jill Cousins, diretora executiva do Europeana, afirma que as grandes bibliotecas americanas de pesquisas poderiam fazer muito mais para aumentar o acesso a materiais de estudos e literários. "O que está faltando é a digitalização da literatura acessível", diz ela -coisas como os romances populares e as biografias que os leitores procuram em bibliotecas públicas físicas.

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