“Na vinda examinei aqui as oficinas centrais destas estradas de ferro. São muito importantes; porém não tão bonitas como as da estrada de ferro do Rio”. A comparação foi feita por Dom Pedro II em 1876, nos Estados Unidos, e faz parte de um acervo de 50 mil documentos deixados pelo imperador com registros de suas três viagens pelos continentes. O material disputará o título de Memória do Mundo em 2012 — classificação concedida pela Unesco à documentação e que corresponde ao Patrimônio da Humanidade para bens materiais e imaterias.
Quatro pesquisadores do Museu Imperial de Petrópolis começaram um trabalho minucioso de revisão do material e a preparação de um dossiê para a Unesco. O trabalho deverá ser concluído em 11 meses.
Esta é a segunda vez que documentos brasileiros do período do Império disputam o título da Unesco. Em 2003, uma coleção com 21.742 fotos da imperatriz Teresa Cristina, mulher de Pedro II, foi considerada patrimônio mundial. O material, de posse da Biblioteca Nacional, retrata cenas do século XIX. Os arquivos da ditadura brasileira, que reúnem documentos do período de 1964 a 1985, também aguardam o título. Na América do Sul, já foram reconhecidos como patrimônio os arquivos das ditaduras da Argentina, Chile e Paraguai.
— As viagens do imperador demoravam em média de oito meses a um ano e meio. Em 1876, ele cruzou de trem os Estados Unidos duas vezes. Foi depois para o Canadá, Europa e Oriente Médio, sempre registrando as expedições. Um detalhe que chama a atenção é que Pedro II falava de igual para igual com pesquisadores e cientistas. Era possuidor de grande conhecimento, o que enriqueceu ainda mais o material — explica o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior.
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