CONHECIMENTO: CONTROLAR PARA QUÊ?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010
        Se você ouvir por ai algum bibliotecário dizer que é preciso controlar o conhecimento, não se apavore! Ele não esconderá todos os livros numa biblioteca, não bloqueará computadores e muito menos acorrentará as mentes da massa intelectual. Isso é coisa para o nosso antepassado, o bibliocarcerário, personagem que ficou lá na antiguidade, arrastando suas chinelas pelos verdadeiros labirintos em que se constituíam as bibliotecas. Na verdade, quando se fala em controlar o conhecimento a palavra-chave é organização. O bibliotecário queria dizer simplesmente que é preciso organizar a grande quantidade de conhecimento, informação ou dados com a qual nos deparamos hoje.


      Esta organização do conhecimento nada mais é do o nosso controle bibliográfico, velho conhecido dos bibliotecários. Este consiste em descrever e reunir da forma mais completa possível os registros do conhecimento, permitindo a localização e obtenção deste material. É organizar em catálogos, bibliografias ou bases de dados todo o conhecimento produzido, descrevendo suas características e indicando onde pode ser encontrado. O ideal deste controle não é a reunião física do material, da informação em si, mas sim de sua representação descritiva com informações essenciais à recuperação pelo usuário.

     O desejo de controlar todo o conhecimento da humanidade faz nascer o Controle Bibliográfico Universal (CBU) que visa reunir toda a produção bibliográfica de todos os países e permitir acesso a essas publicações em âmbito mundial através de redes de informações. Com ele ganharam força vários mecanismos de controle: Agencias Bibliográficas Nacionais; Lei do depósito legal; Bibliografias Nacionais; catálogos coletivos e especializados; sistemas de identificação numéricos, como ISBN, ISSN, ISMN, ufa! E não acaba por ai. Mas tudo isso só é possível se houver padronização. Todos estes mecanismos só se tornam eficientes se forem padronizados e utilizados por todos os países. Desta forma o controle bibliográfico deve estar em consonância com instituições de normalização e padrões bibliográficos, permitindo que a informação seja igualmente interpretada independente de seu idioma.



       Tendo em mente o que é este controle do conhecimento, você leitor atento poderia questionar: para que todos estes mecanismos, todo este controle?



        Sabemos que a facilidade de se produzir e publicar é imensa, os suportes do conhecimento evoluíram dos tabletes de argila às páginas da web. Não é uma simples explosão de informações, mas um verdadeiro big-bang. Tudo isto seria maravilhoso se o homem possuísse um hiper-cérebro para armazenar e processar todo este “mundo” informacional. Mas não temos! A mente humana não suporta tanta informação e não consegue se utilizar de forma eficiente dela. Desta forma, chegamos ao ponto principal que responde nossos questionamentos: para que controlar o conhecimento? Para que o homem possa se utilizar dele. É controlar para acessar.


        Como seria mais fácil de encontrar uma informação desejada? Se não houvesse controle sobre as publicações e estas ficassem dispersas no 'mundo informacional' ou se as mesmas fossem registradas, organizadas e divulgadas conforme a necessidade dos usuários? A finalidade do controle bibliográfico é permitir acesso amplo e democrático ao conhecimento. É levar a informação de forma rápida e eficiente ao usuário onde quer que ele esteja. O conhecimento deve ser controlado também para que não se perca. Para que agora e depois de muito tempo possa ser utilizado por outras gerações, constituindo a memória documental da humanidade. Este controle possibilita a evolução social, cientifica e tecnológica da sociedade, pois a produção de novos conhecimentos só ocorre mediante o acesso a conhecimentos passados.


Somos conscientes de que a nível mundial este controle constitui-se como ideal a ser alcançado. Ainda não é possível registrar toda a publicação mundial e talvez não o seja. O CBU enfrenta várias barreiras e a principal delas é a conscientização, ou melhor, a falta desta. Para que o controle bibliográfico atinja alto grau de eficiência, todos os envolvidos no processo devem conscientizar-se de sua importância e utilidade para o desenvolvimento social. Autores, editores, bibliotecários e instituições voltadas para o conhecimento precisam ter em mente que o controle bibliográfico amplia e dá respaldo às suas atividades, e esta conscientização deve expandir-se e atingir o alvo de todo este trabalho: a sociedade. O povo precisa conhecer estas atividades e os mecanismos de controle para que possam contribuir com sua efetivação e se utilizar de forma eficiente.

     Nós, bibliotecários como grandes mediadores de conhecimento devemos defender fervorosamente o ideal de controle bibliográfico, procurar formas de ampliação deste processo e assim possibilitar o acesso democrático à informação. razão de nosso trabalho e de nossa ciência.

Ana Paula Lopes da Silva

Estudante do 5º período de biblioteconomia (UESPI)

3 comentários:

Santiago Junior disse...

Parabéns Ana Paula, belo texto.

Raimundo soares disse...

(Parabéns)Igualmente, verdade não somos mais "aquele", o tipo Bibliocarcerário. O profissional da informação tende a evoluir ainda mais.

Ana Paula Lopes disse...

O blog tá incrivel meninos! espero contribuir ainda mais ...

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